quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O retorno

Nos meus últimos dias em Bremen estava acontecendo a Breminale - um festival incrível! Nem deu pra aproveitar direito :(

É verdade que eu voltei há mais de dois meses e não contei como foi a minha volta. Não contei como foi a minha readaptação. Não contei sequer como foi a minha viagem com o meu pai. Minha vontade de escrever desde que cheguei simplesmente desapareceu - e daí já dá pra imaginar como está sendo voltar à mesmice de sempre na minha terra querida.

Eis, pois, o relato tardio do meu retorno.

Voltei de Berlin em meados de julho e passei em Bremen mais 4 dias. Foi tempo suficiente pra terminar de resolver tanta burocracia, de apresentar a cidade pro meu pai e arrumar as malas. Ah, as malas... Fomos três vezes ao aeroporto para certificar o peso permitido. Procuramos balanças. Compramos malas novas. E é um fato que se meu pai não tivesse ido, eu não teria tido como trazer todas as minhas coisas. Deixei pra trás todas as minhas roupas de inverno, sapatos, secador de cabelo,
 bicicleta e até um microondas. 
ainda tem mala faltando nessa foto hahaha

Fizemos uma bela faxina - e o dono do flat gostou tanto da organização que pagou a caução toda e mais um pouco! Mais um prova de que o problema na casa antiga não era comigo. 

Agendamos um táxi pro aeroporto e fizemos questão de deixar claro que tínhamos muitas malas. Não adiantou muito. O taxista chegou antes do previsto - eu ainda não estava pronta. Chovia. O motorista era um senhor que mal conseguia se aguentar de pé e o carro, pequeno. Ele ainda reclamou conosco: "vocês deviam ter avisado que tinha muita bagagem". Tsc, organização alemã nessas horas, cadê?

Tentei tirar uma foto do avião de Bremen, mas não prestou muito, hehe
Pegamos o primeiro avião para Munique - um pequeno, da Lufthansa. Como foi estranho não voar mais uma vez de Ryan Air. Tive que conter as lágrimas ao ver Bremen tornando-se minúscula e cada vez mais distante - eu não saberia quando voltaria novamente. Bremen tornou-se a minha cidade do coração. Foi lá que eu nasci de novo. 

De Munique pegamos mais um avião para Lisboa. Não esperamos quase nada. E mais uma vez lá fui eu segurando o choro - não sabia quando voltaria a Alemanha. Eu estava ficando cada vez mais distante. A ficha estava caindo. 
Em Lisboa esperamos um pouco e o bom e velho português já me fazia sentir mais próxima do Brasil. Dentro do aeroporto, pegamos um ônibus que nos deixou na porta de um avião que estava longe, muito longe... Não havia nada nele que sinalizasse que estávamos voando pela TAP. Na velha carcaça do avião havia algo como "Ocean Air" escrito (não lembro ao certo). Lá dentro era simplesmente minúsculo. Apertadíssimo. Tudo parecia velho e os banheiros estavam terrivelmente sujos. Atrasamos uma hora para a partida. Ainda liguei para a minha mãe no Brasil e avisei que ela não se espantasse caso o avião caísse - tendo em vista as condições nas quais ele se encontrava. Ela perguntou se eu estava animada para voltar. "Not at all", respondi. 

Voamos por 7 longas e intermináveis horas. Vi as Ilhas Canárias. A confusão que os brasileiros faziam já me relembrava o que me esperava. As pessoas levantavam e ficavam circulando pelo avião - crianças, velhos, mulheres, todo mundo. Parecia uma feira. Os comissários portugueses pediam gentilmente que todos se sentassem. Mas ninguém dava ouvidos. Eles passaram a ser mais rudes. Mas ninguém dava ouvidos. Até que apagaram as luzes e colocaram um filme. As pessoas enfim se aquietaram. Estava uma verdadeira baderna. Eu não aguentava mais esperar.
Caos pós-retorno

Chegamos no Recife de noite sem maiores problemas. Já no aeroporto comecei a estranhar as coisas. Gente furando fila do passaporte. Fila demorada. Gente barulhenta. Todas as malas chegaram rapidinho. Eu teria um treco se não chegassem. Não reconheci meu irmão quando o avistei no saguão - ele estava completamente mudado e muito mais alto que eu. 

No caminho pra casa, senti como se tivesse parado no tempo. Como se eu só tivesse passado uma semana fora e a Alemanha nunca tivesse realmente acontecido. Como se eu tivesse acordado de um sonho distante. No carro, no caminho, me senti deprimida. Como podia ter tanta pobreza e tantos prédios nessa cidade errada? Meu cachorro sequer ligou pra mim quando cheguei em casa. Sentei na minha cama improvisada no meu quarto recém-reformado e caí no choro. Chorei. Chorei. Chorei. Como foi estranho, meu Deus!


Willkommen zur Breminale 2014 :D

Penúltimo dia em Bremen, Breminale, com Steffen, Fábio e Aline :)

Ao chegar em casa, me deparei com a minha SRD bem mal de saúde :/ os 15 anos dela já pesam.

SOBRE A TAP

Aproveito a oportunidade pra colocar uma notinha sobre o mau serviço da TAP. Viajei pra Alemanha pela Condor e não tive o menor problema. Comprei minha passagem de volta, no entanto, pela TAP - o fato de poder trazer mais malas era atraente. Meu pai, porém, teve problemas na ida pra Londres. Ao chegar no aeroporto do Recife para embarcar, DUAS HORAS ANTES do horário previsto, ele descobriu que o vôo havia sido antecipado e o embarque deveria ser imediato. Ninguém tinha avisado NADA a ele. Ou seja, ele não perdeu o avião por sorte. Chegando em Lisboa, o avião que ele deveria pegar pra Londres atrasou quatro horas - enquanto isso, eu, sem comunicação com ele, aguardava no aeroporto pacientemente. Ele contou que encontrou um conhecido no aeroporto de Lisboa que havia perdido um congresso na China porque o vôo da TAP havia sido cancelado e ele estava retornando pro Brasil puto da vida. Uma amiga minha de Bremen também teve vários problemas pra voltar pra Fortaleza. O vôo dela foi cancelado e atrasado e ela precisou passar uma noite em Lisboa. Recentemente um amigo meu aqui no Recife também teve seu vôo cancelado. A TAP tem pintado e bordado com os clientes e tem sido alvo de críticas em várias reportagens. Então é o seguinte, a dica é essa: se você puder escolher outra companhia, escolha. Foi a pior viagem ever.