sexta-feira, 4 de abril de 2014

Desafio Paris: 6 dias com 100 euros

Bom, diferentemente do que eu coloquei na legenda de algumas fotos, não foram 5 dias, mas 6. Na verdade foram 5 noites - e a contagem dos gastos começou desde antes da partida, aqui em Bremen. 





Por mais incrível que possa parecer, Paris é um dos últimos lugares que eu imaginava visitar durante o meu intercâmbio - não que eu não quisesse conhecer a cidade, claro que não, mas eu sempre me imaginei conhecendo a Cidade Luz de um modo bem planejado - falando francês fluentemente, com muito tempo e com muito dinheiro pra gastar lá. 
Mas aconteceu justamente o contrário: essa foi a minha viagem mais inesperada, não planejada, de última hora mesmo. E pasmem: a que eu gastei menos dinheiro. 
Sim, caros amigos, vocês não precisam atingir a meia-idade ou juntar dinheiro por uma década pra visitar Paris. Na verdade, pra quem está fazendo intercâmbio na Europa, essa é a melhor hora - afinal, pra estudantes abaixo de 25 anos que são residentes da União Europeia quase tudo é de graça! 
Vocês podem estar rindo aí da minha cara, mas não, eu não sabia disso - como eu não planejava ir à França, sequer pesquisei como seria dar uma de turista por lá. Portanto, sim, continuo surpresa. 


Vista da Notre Dame

Além disso, também preciso dizer que um dos meus motivos pra deixar Paris no fim da lista era o meu receio em relação aos franceses - eu já ouvi tanta história tensa, que eu tinha medo deles. Mas taí outra coisa que me surpreendeu: eu fui SUPER bem tratada - um velhinho, inclusive, me viu perdida com o mapa na mão e se ofereceu pra me ajudar do nada! O meu guia também fez a mesma coisa: se ofereceu pra ajudar umas japonesas que estavam perdidas. Nas lojas, restaurantes, etc. também foram superlegais. Fico muito feliz de ter sido assim :)














Comprando a passagem - minha primeira viagem de trem

Como sobrou um dinheirinho mês passado, eu tava planejando viajar pra algum canto aqui por perto e pensei em ir pra Bruxelas ou Munique - até que Daniela apareceu mostrando a promoção da Ltur (que é uma agência de viagens que vende coisa de última hora). As passagens de trem pra França (e só pra França, não tinha outro país) estavam 36 euros (72 ida e volta) e pra viajar pela Alemanha, 26 (52 ida e volta). Normalmente as passagens de trem de Bremen pra Paris ficam por volta de 200 euros o trecho (avaliem!) e não tem vôo low cost daqui pra lá - ou seja, oportunidade única. Eu ainda não tinha decidido nada porque eu só tinha 100 euros no bolso e ainda tava pensando se valia a pena me arriscar ou não. 
Até que Isabelle chegou perguntando: "Vamos pra Paris?". Era o que eu precisava pra me resolver. 
- Eu só tenho 100 euros. - respondi.
- Eu também. 
- Se tu for, eu vou. 
Isabelle ficou offline

Uma hora depois, Isabelle volta a falar comigo:
- E aí? Bora?
- Mai... Já comprei a passagem! 



Hospedagem - minha primeira experiência com couch surfing

Passagem comprada sábado pra viajar na quinta e voltar na terça.
Dinheiro pra pagar hostel, a gente não tinha. Apelamos pro couch surfing. 
Tem um grupo no Facebook chamado Couch Surfing Ciência Sem Fronteiras - e uma lista com os brasileiros pela Europa que se oferecem pra hospedar outros estudantes. 
Entrei então em contato com Vinícius - que aceitou nos hospedar em seu quarto na residência da famosa Escola Politécnica de Paris.
É verdade que ficava longe (tipo uns 40 minutos do centro, na zona 4) e tinha uma escadaria que deixou a gente de perna dolorida malhada por uns 3 dias, mas os meninos eram ótimos! - como disse Isabelle: "eles são a nata da engenharia brasileira", pois a maioria era da USP e do ITA. 

[Escadas - Se tem uma palavra que pode definir essa viagem, essa palavra é: escada. A começar pela escada da própria residência, a escada do Arco do Triunfo, da Torre Eiffel, dos metrôs, da Sacre Couer. Não me lembro a última vez em que a academia me deixou tão dolorida.]

Primeiro dia: sexta-feira = 31,72 euros

Na quinta-feira, saímos de Bremen às 13h44 e chegamos em Paris às 22h50. Ou seja, quase dez horas de viagem - e chegamos na casa dos meninos perto de 1h. Mas passou até rápido - porque não sei quem fala mais: eu ou Isabelle, hahaha. E a rota do trem era muito bonita: fomos beirando o rio Reno e nos surpreendemos com a quantidade de castelos que vimos pela Alemanha (sério, uns 30??). 
Fomos recebidas com vinho, 137 tipos de queijo e até foie gras, hahaha!
Conclusão: fomos dormir mais de 3h da manhã. 

Na sexta-feira, acordamos cedo mesmo assim e fomos direto pra Notre Dame. A entrada da igreja é de graça pra todo mundo, mas o que nós não sabíamos é que pra subir era de graça pra estudante europeu. Ficamos uns 20 minutos na fila e entramos. Apesar da sensação de estar engaiolada, a vista foi a que eu mais gostei da viagem toda. O que me deixou tensa mesmo foi a escada em caracol, parecia que não acabava nunca e ela ia se estreitando mais e mais e eu comecei a ficar totalmente claustrofóbica. Sério, fiquei com medo de ter algum ataque de pânico ou sei lá. 

Depois fomos seguindo o rio Sena até chegar no Louvre. Ficamos andando por ali e tirando fotos como os outros milhares de turistas e depois perdemos cerca de meia hora tentando achar a entrada do Museu. Sim, podem rir das nossas caras. Foi ri-dí-cu-lo. 
Entramos só pra ver a Monalisa. Eu nunca imaginei que pudesse existir um museu daquele tamanho e nem me deu vontade de continuar vendo as outras coisas porque: 1) tinha coisa demais e isso me deixa irritada 2) tinha turista DEMAIS e isso me deixa ainda mais irritada. 
Eu boto fé que ainda volto pra ver certas coisas com calma lá, mas achei um negócio megalomaníaco. Não gosto de museu grande e espero ainda criar o Museu de Uma Obra Só - pra que as pessoas possam de fato se concentrar no que estão vendo. Não dá pra absorver tanta informação de uma vez só. 


La Giocooonda aheiuahea



Parada pra descansar no Jardim das Tulherias
Seguimos pelo Jardim das Tulherias - tava lindo lindo com as flores, tudo colorido. Primavera <33 ainda paramos um pouquinho pra deitar na grama e descansar. Depois fomos ao Museu Orangerie, que eu gostei muito - mas ainda era maior do que eu imaginava. 
Continuamos andando pela Champs-Élyseés e chegamos ao Arco do Triunfo quando já estava quase de noite (na verdade, "noite" virou uma coisa bem relativa agora, já que o dia tá escurecendo às 20h30). Confesso que eu estava muito cansada e nem queria chegar lá, mas Isabelle insistiu e nos surpreendemos ao descobrir que podíamos subir sem pagar nada! Ainda bem, hehe, valeu, Isa. Comemos por ali mesmo e voltamos pra casa. 




Total gasto quinta/sexta: 31,72 (15,82 de comida, 13,7 de passagem de metrô e 2,20 de um mapa que eu comprei). 



Segundo dia: sábado = 35,95 euros

A ideia do segundo dia era começar visitando as catacumbas, mas chegamos um pouco mais tarde do que o previsto e estava simplesmente lotado! A fila tava quase arrodeando o quarteirão todo. Resolvi que voltaria na segunda. 
Já que estávamos perto do cemitério de Montparnasse, resolvemos visitá-lo. Tentei procurar o túmulo de Man Ray e Brassaï, mas depois comecei a achar que esse negócio de visitar túmulo e tirar foto e etc. era meio bizarro e desisti. 
Eu e Isabelle nos separamos. Ela foi subir na Torre Eiffel e eu segui pra Fundação Cartier Bresson que era ali perto. Confesso que fiquei decepcionadíssima com o lugar e esperava algo que fizesse mais jus ao fotógrafo. Ainda acabei pagando 4 euros pra ver uma exposição de Guido Guidi. 
Como passei pouco tempo lá (a fundação é bem pequena), fui sacar a Torre Eiffel e ver se encontrava Isabelle por lá. 
Logo que saí do metrô, já me deparei com milhões de ambulantes gritando "ONE EURO, ONE EURO" (eles vendiam chaveiros e réplicas da Torre) e uma agitação sem tamanho de turistas de todos os cantos do mundo - afinal, era sábado, era Paris e era a Torre Eiffel. 
A fila pra subir era enorme e eu sequer cogitei em fazer parte dela. Preferi olhar pra torre, deitada no Champ de Mars a pagar 15 euros pra subir. Descansei por uma hora no gramado e, não encontrando Isabelle, fui pra o Jardim de Luxemburgo encontrar meu guia francês.


Sobre meu guia francês

Ainda em Bremen, enquanto eu procurava todo tipo de programação free em Paris, acabei encontrando o site de uma organização de guias voluntários na cidade chamado Greeter Paris. Me inscrevi e logo me indicaram uma pessoa pra me mostrar a parte da cidade que ela tinha escolhido: o Jardim de Luxemburgo e o Quartier Latin. Essas pessoas não recebem absolutamente nada e fazem um tour com os turistas simplesmente porque amam o lugar. Eu achei incrível e valeu totalmente a pena! Nicolas, meu guia, me mostrou muita coisa e eu aprendi um bocado! Andamos por cerca de 2h30 e terminamos na Mouffetard. Eu adorei a ideia da organização e acho que super toparia fazer isso quando voltasse pro Recife!


De noite, acabei voltando pra Torre Eiffel - me arrastando, vale ressaltar. Eu nunca senti tanta dor nos meus pés como eu senti nesse dia, a cada passo que eu dava eu tinha vontade de chorar. Nota mental: nunca mais turistar de bota. Meu pé ficou coberto de bolhas, inchado e daí pra pior. 
Me reecontrei com Isabelle e ficamos com Vinícius e Salvador olhando a Torre piscar e tocando violão até o frio apertar. Voltamos pra casa e fizemos umas pizzas :) 


Ps.: acho que to começando a abrir mão de festas durante as minhas viagens por motivos de: 1) economia de energia 2) economia de dinheiro

Total gasto sábado: 35,95 (4 da Fundação, 13,70 de metrô, 4 de souvenir, 14,25 de comida)




Terceiro dia: domingo = 35,20 euros



Ao contrário dos últimos dois dias, o domingo amanheceu nublado e feioso - uma pena, pois nossa programação era visitar a basílica de Sacre Couer e Montmartre. Talvez por isso eu tenha achado a vista de lá meio sem graça. 
Esse dia foi bem tranquilo, resolvemos nos dar o luxo de dormir um bocado e almoçar comida de verdade (o mais barato que achamos foi um chinês estilo self-service). Fomos no Café des 2 Moulin - o famoso café da Amelie Poulain e me surpreendi por dois motivos: 1)  não estava lotado de turistas e 2) os preços não eram absurdos! Pedi um crème brûilée, claro. Hahaha 
Passamos ainda em frente ao Moulin Rouge e de lá fomos nos encontrar com Diogo na Mouffetard. Comemos um crepe baratíssimo e enorme (esse dia foi farto) e ainda tomamos uma cerveja por incríveis 3 euros (todas as outras que eu vi eram de 5 pra cima). Não pudemos ficar muito tempo, no entanto, porque o último trem passava meia-noite. 




Total gasto domingo: 35,2 (11,9 de souvenir + 23,3 de comida)












Café des 2 Moulin :) 



Quarto dia: segunda = 16,80

Como combinado, eu e Isabelle nos separamos: ela resolveu conhecer Versailles e eu tinha outra programação. Como eu havia planejado, voltei às catacumbas, mas... elas tavam fechadas. Esqueci do detalhe de ver se era aberto ou não dia de segunda. Vacilei. Era uma das coisas que eu mais queria ver em Paris. 
perto do Pompidou
Decidi seguir então pra Casa Europeia de Fotografia na Rua Rivoli. Andei a rua inteira (que por sinal é linda) até a Bastilha (Quartier) e não achei. Na volta, quando eu já tava desistindo, encontrei o lugar, mas... tava fechado. Mais uma vez, vacilei. E perdi a manhã inteira desse jeito. 

Pra não correr o risco de novo, entrei na McDonalds mais perto e olhei na internet se o Museu D'Orsay e o Pompidou eram abertos. O primeiro não, mas o segundo sim. 
Lá no Pompidou encontrei Isabelle - ela descobriu lá em Versailles que o palácio também era fechado. Visitamos a exposição permanente de graça - e eu não fui à exposição de Cartier Bresson que tava tendo porque o tempo inteiro anunciavam nos autofalantes que tava lotadíssima (além de que eu teria que pagar, hehe). 

De lá, voltamos pra casa pra poder arrumar as coisas, pois no dia seguinte teríamos que acordar às 4h30. 
Na viagem de volta tivemos que trocar de trem duas vezes e estávamos simplesmente MORTAS. 

Total gasto segunda: 16,8 (tudo comida)




~~Total gasto na viagem: 119,67~~
Ou seja, quase dentro do esperado. Tirando umas comidas desnecessárias e os souvenirs, teria dado de boa. Eu só gastei um pouco mais porque um pouco antes da viagem consegui pegar meu salário adiantado, hehe. 



Ps.: Eu achei o clima de Paris SUPERSECO, sério, MUITO mais que na Alemanha. Sofri. Os dias estavam tão quentes que na segunda eu decidi sair de casa sem casaco, sem moletom, sem nada, só de camiseta - e foi a melhor coisa que eu fiz. 
olha, tirar selfie dupla com câmera profissional
não é fácil, viu?

Ps.: Montmartre é lindinha e tem umas lojinhas muito legais. 


Ps.: Turistas turistas turistas everywhere. Deve ser um tanto irritante morar numa cidade entupida de turistas. 

Ps.: O metrô de Paris é meio maluco. Tinha hora que o ticket passava, tinha hora que não passava. Tinha hora que a catraca rodava sem ticket, tinha hora que tinha fiscalização, tinha hora que o trem pulava as estações. E vimos um cara que pulou a catraca se dando muito mal. 
Além da maluquice das catracas, o preço dos tickets não é nada amigável. E ticket do dia só existe nos finais de semana. 

Ps.: Fiquei com vontade de aprender francês. Mudei de opinião sobre a sonoridade da língua, hehe. 

Ps.: Meu guia era ótimo, mas ele ficou me explicando o que era um crepe como se eu nunca tivesse visto um na vida. Entrei na onda dele: "hum... tipo uma panqueca, né?" e resolvi comprar, hehehe. Depois ele fez a mesma coisa com fondue... só que aí já era uma brincadeira mais cara. 




A escadaria pra chegar na École Polytechnique!



Notre Dame

Isabelle enjaulada no topo da catedral de Notre Dame

Vista da Catedral de Notre Dame

O Arco do Triunfo tava sendo reformado quando a gente foi e lá em cima tinha uma parte interditada :(

O que não nos impediu de ter essa vista :D

... ou esta!

...ou esta!

<3



E a gente voltou pra casa com o sol nascendo. 














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